SE VOCÊ ACHA QUE TRABALHAR É RUIM, EXPERIMENTE TRABALHAR OUVINDO SERTANEJO UNIVERSITÁRIO. FICA IMPOSSÍVEL, O SOM DO INFERNO QUE SACO. MERDA. E TUDO MAIS DE PALAVRÃO QUE VOCÊ IMAGINAR.
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A cultura de massa é foda. É feita para que todos gostem da mesma coisa, o problema é quando sua cabeça não cabe na forma. O mundo ao seu redor te estraçalha. Saco de música do inferno.
Passado o período de revolta lembrei-me de uma historinha interessante que ouvi outro dia, uma das vozes provenientes de um surto esquizofrênico que se processou no interior da cabeça de um vizinho me contou, duvidei muito que fosse verdade mas gostei da história e pretendo contá-la. Recomendo a você que não leia as linhas subsequentes porque não é bom ficar ouvindo coisas ditas por vozes estranhas, é sintoma de loucura, tenha cuidado.
Existe um lugar, já faz muito tempo, pelo menos para aqueles que lá vivem este lugar existe e é conhecido como O Reino das Bolachinhas Felizes. A população deste lugar é composta por bolachas com um formato circular que, por assim serem, podem rolar a vontade para se locomoverem e embora não saibam estas bolachas possuem um delicioso sabor de coco. O detalhe marcante destas bolachas, além do sabor, é a grafia que lhes estampa praticamente todo diâmetro da circunferência. Tal grafia é oriunda de uma forma que caprichosamente marca igualmente milhões de bolachinhas circulares.
Todas trazem registradas em si a seguinte escrita: BOLACHINHA FELIZ. E estas bolachinhas seguem a risca a característica que a forma lhes confere, todas são bolachinas incrivelmente felizes, que vivem esperando o grande momento de suas vidas, o dia de partirem para A Terra Encantada de Felizlândia. Todas inclusive aquela que ficou conhecida como o Bolachão Triste. O Bolachão Triste não era redondo, sua forma não era definida pois, acidentalmente, enquanto ainda estava na forma de pasta homogênea que dá origem às bolachas, o Bolachão escorreu para o forno e assou todo disforme... pobrezinho. Sem forma e sem grafia, assim era o Bolachão Triste.
Chegado o dia de partir para Terra Encantada de Felizlândia o Bolachão Triste que até então era Feliz foi rejeitado pelos Divinos Escolhedores, máquinas que definiam que bolachas iriam para o pacote feliz, o passaporte para Felizlândia. Neste dia, o Bolachão Triste descobriu que não era feliz como seus compatriotas e decidiu partir, foi procurar o Reino dos Bolachões Tristes. Reino este que ele nunca chegou a encontrar.
O Bolachão com muito esforço uma vez que, não conseguia rolar, consegiu descer da esteira de produção que é conhecida como O Reino das Bolachinas Felizes. Ao fazer isso caiu em uma caixa de papelão repleta de pacotes felizes. A caixa se fechou, tudo ficou escuro por muito tempo. Uma série de barulhos estranhos se sucederam e finalmente a luz retornou. Seres estranhos começaram a retirar os pacotes felizes da caixa e empilhá-los em um lugar totalmente estranho. Cheio de pacotes felizes diferentes daqueles que trouxeram seus compatriótas. Havia muitos seres estranhos, seres enormes que pegavam os pacotes felizes, rasgavam e começavam a devorar sem qualquer piedade as Bolachinhas Felizes. Aquilo seria a felicidade extrema que tanto procuravam? Definitivamente não.
O Bolachão resolveu retornar e alertar seus compatriótas. A Terra Encantada de Felizlândia era uma farsa. Embora não soubesse o que fazer para retornar, o Bolachão contou com um golpe de sorte do destino. Não sabia rolar mas conseguia escalar objetos, escalou a prateleira do supermercado, a suposta Terra de Felizlândia e lá do alto conseguiu visualizar um daqueles gigantes devoradores de bolachas. Notou que o gigante se aproximava, e estava coberto com algo que lembrava, embora não fosse igual, um pacote feliz. Na cobertura do gigante o Bolachão notou que havia um compartimento onde havia espaço para uma bolacha viajar. Instintivamente o Bolachão pensou que aquele gigante poderia levá-lo de volta ao Reino das Bolachinhas Felizes.
Esperou que o gigante se aproximasse um pouco mais e saltou. Calculou mentalmente a força do impulso que precisava para alcançar o pequeno compartimento que avistara na embalagem do gigante. Os olhos fechados, o vento correndo-lhe a face, a sensação da adrenalina correndo nas veias, o coração em ritmo acelerado, acelerando como seu corpo disforme de bolacha em queda livre ao sofrer a ação da gravidade. Por cerca de um segundo e meio, tempo que durou sua queda, o Bolachão Triste gozou o sentimento de liberdade e aquilo que aos olhos de qualquer outra bolacha parecia ser um ato suicida, concretizou-se em uma façanha. O Bolachão sentiu que aterrizou em algo macio, abriu os olhos e estava onde pretendia, o pequeno compartimento no pacote que embalava o gigante.
O instinto do Bolachão Triste estava certo, o gigante era um funcionário da indústria Bolachinhas Felizes LTDA que o levou de volta a seus compatriotas. O Bolachão com sua habilidade de escalar objetos aguardou que o funcionário se aproximasse da esteira de produção das bolachinas felizes e saltou, pela segunda vez no mesmo dia experimentou o sentimento de liberdade, agarrou-se a um dos sulcos da esteira, escalou-a e pronto, estava de volta ao Reino das Bolachinhas Felizes.
Sua chegada foi saudada com alegria pelos companheiros felizes, o reencontro que inicialmente era alegria logo virou chacota, bastou o Bolachão começar a relatar sua aventura pela Terra Encantada de Felizlândia. A descoberta da farsa que ludibriava as bolachinhas rapidamente foi transformada em loucura, tratava-se de delírio do Bolachão, afinal, ele não era feliz. Fora rejeitado em Felizlândia e estava com inveja da felicidade que todos possuiam naquele Reino. Todos menos o Bolachão que desesperado insistia em repetir aquela história estúpida e esdrúxula sobre gigantes devoradores de bolachas.
As bolachinhas felizes começavam, embora não percebessem a experimentar um novo sentimento, a raiva. Afinal o que pretendia aquela bolacha disforme? Causar pânico? Desordem? Abalar as crenças daquele povo? Ou algo ainda pior... acabar com toda felicidade que abençoa a tanto tempo aquele reino. O Bolachão foi agredido e ainda assim clamava: - Amigos escutem-me, suas vidas dependem disso, ouçam a verdade que vos trago. Quanto mais seu clamor aumentava, também aumentava a intensidade das agressões.
Em um determinado momento os gritos do Bolachão não eram mais ouvidos, embora ele continuasse tentando heroicamente salvar todas aquelas bolachas. O que se ouvia eram apenas o som seco das pancadas desferidas contra a pobre bolacha e os gritos de ódio da multidão composta de furiosas bolachinhas felizes: Matem esta bolacha! Ele não é um de nós! Ele quer acabar com a nossa felicidade! Pela felicidade! Matem ele! Matem!
O furioso ataque cessou quando do Bolachão Triste restaram apenas farelos. Farelos estes que foram reunidos e colocados pelas bolachinhas felizes em um canto da estereira. Farelos estes que servem de exemplo a todos aqueles que pensam em um dia desafiar a felicidade das bolachinhas no reinado da felicidade. Farelos que geram uma certeza, a de que nunca se deve desafiar a felicidade das bolachinhas, nunca. Farelos... farelos que incomodam e por vezes geram dúvidas. Será que...? Não...!? Vivam as Bolachinhas Felizes.
Do Bolachão Triste ninguém mais naquele reino disse uma palavra, quanto as bolachinhas felizes sabor coco, certo continuou o destino que o Bolachão tentou mudar. Divinos Escolhedores... pacote feliz...
Ah! É claro! Os gigantes... continuam adorando as bolachinhas felizes. Vai uma aí?
Ah! É claro! Os gigantes... continuam adorando as bolachinhas felizes. Vai uma aí?
Diogo Barberato Barbosa